sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Todas as opiniões que há sobre a natureza


Flor de carqueja, serra da Freita (2007)















Todas as opiniões que há sobre a Natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.
Toda a sabedoria a respeito das cousas
Nunca foi cousa em que pudesse pegar como nas cousas;
Se a ciência quer ser verdadeira,
Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?

Fecho os olhos e a terra dura sobre que me deito
Tem uma realidade tão real que até as minhas costas a sentem.
Não preciso de raciocínio onde tenho espáduas.

                                  Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

Onde estás felicidade?

Uma palavra descreve a mágoa,
Uma lágrima, a tristeza,
a raiva, a ansiedade.
E o amor, por vezes, soando a falsidade.

Onde estás felicidade?
Um sorriso, uma gargalhada,
A palavra que falta,
A esta pessoa magoada.

O caminho é chuva,
água das minhas lágrimas.
A cruz pesa nas minhas costas,
Chorando a minha infelicidade.

As nuvens passam,
As folhas caiem,
Mas eu continuo a repetir
Onde estás felicidade?...
                 Joana Tavares, 8ºB

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Juízos organizados sobre "O Cônsul de Bordéus"


 







Aristides de Sousa Mendes

Onde começa a humanidade de cada um? O que faz com que uns a tenham em maior quantidade do que outros? Será fruto da educação? Da religião? Parece pouco viável. A educação e a religião ensinam-se em conjunto com os valores e preconceitos de quem ensina. Mas, a questão que aqui se levanta é mais específica: de onde vem a humanidade de um homem que se sacrificou para que milhares não fossem sacrificados?  


Surge-me, como se fosse simples, a ideia de que O Cônsul de Bordéus gira, principalmente, em torno deste conceito: a humanidade. Tudo parece girar ao redor disso, à volta desta concepção meramente mental que acabou por se materializar através das acções de um homem. 

Assim, o filme de Francisco Manso e João Correa está bastante bem concebido neste ângulo. Tudo aquilo que é louvável na personagem de Aristides de Sousa Mendes foi bem conseguido, e quer a determinação quer a luta interior, que se salientaram, foram muito bem exteriorizadas pelo actor Vítor Norte. Há que, igualmente, aplaudir a caracterização dos figurinos e dos cenários. Criados de uma forma muitíssimo realista, agarram o auditório e prendem-no a uma viagem ao passado em que não foi descurado um único detalhe. 

Porém, como "aplaudidora", permito-me também apontar como único ponto desfavorecedor o facto de a história ser narrada como um flashback. Parece-me pouco valorizador trazer Aristides de Sousa Mendes de volta à memória recente apenas devido a outro acontecimento – que quando comparado à narrativa sobre o Cônsul se torna de menor importância.


Contudo, excluindo o resto e juízos de valor, o que eu quero é que vejam o filme. Pode ser melhor ou pior, isso depende apenas da opinião de cada um, todavia, há algo que é indiscutível e que ninguém poderá discordar: o cinema português está cada vez melhor. 


Inês Silva

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma mochila preguiçosa

  
poetar na biblioteca... Dezembro 2012














Tenho uma mochila                                           
que é preguiçosa
Puxo e não anda
porque é vagarosa.

Tem duas rodas
São ambas iguais
E a mochila
tem animais.

Ela gosta de passear
mas às vezes não anda
porque está chateada
por isso não vai à banda.

Quero jogar com ela
mas não se quer divertir
eu começo a correr
e ela não me consegue atingir.

O que hei-de fazer?
Começar a estudar?
Levá-la ao médico?
Ou convencê-la a brincar?

        Diogo Rodrigues, 7º C     

domingo, 18 de novembro de 2012

Amar os livros!


  Nos meus tempos de estudante, a biblioteca era um dos espaços onde os alunos se refugiavam quando as tarefas escolares exigiam um ambiente calmo e/ ou o acesso e consulta de determinados recursos. Com efeito, nesses tempos já algo longínquos, esta era um local onde, quase sempre, conseguíamos ter acesso imediato a livros / publicações que, regra geral, não existiam nas nossas casas: enciclopédias, atlas, dicionários, etc.
Para nós, estudantes de um Portugal recém libertado de um regime autoritário que vigorou durante cerca de quatro décadas e ainda muito fechado para o exterior (apesar de já se notarem algumas manifestações do desejo de abertura das nossas portas à Europa), a biblioteca era um local quase “sagrado”.
Nesse tempo, não me recordo de lá haver um único computador. Apenas um dos seus “antepassados”, a máquina de datilografar e, se a memória não me atraiçoa, o fax.
imagem retirada do sítio:
becrejc.blogspot.com (no dia 18 de novembro de 2012)
Nesses tempos, o mundo “aprendia-se” no contacto com os outros, na escola,  através da imprensa, da rádio e dos dois canais públicos de televisão e, por último mas, na minha opinião, não menos importante, nos livros.
A minha geração cresceu a “amar”, a respeitar e a valorizar os livros e toda a sabedoria que neles habita. Talvez seja esse um dos motivos que continua a manter-me no grupo dos seus muitos adeptos, apesar  das inúmeras “possibilidades” que, diariamente, o mundo da informática e das novas tecnologias nos oferecem.

É também por esse motivo que, fazendo parte da equipa da nossa Biblioteca Escolar, gostaria de ver os nossos livros saltarem das prateleiras, ganharem vida, espreguiçarem-se nas secretárias, serem companheiros nas vossas viagens diárias, confidentes e “mestres” que vos levam a viajar, a conhecer e a adotar novas e diversas perspetivas relativamente a este e a outros “mundos” que neles habitam.

És capaz de aceitar este desafio?

Acredito que sim, pois difícil não é fazer, difícil é começar a fazer

Deixo-te uma certeza: a de que jamais te arrependerás de ter aceitado este desafio...

                                                                                                                        
Conceição Sousa