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| Auditório da Câmara de Vouzela (17 de maio 13) |
Pode apresentar-se, por favor?
Sou um cidadão simples, sem grandes ambições materiais, que procura levar uma vida digna e saudável, e que se esforça por ter um papel construtivo na sociedade em que se insere. Já espiritualmente a minha sofreguidão não tem limites.
Porque escreve, ou seja, quais as suas motivações para se exprimir /comunicar com as pessoas, desse modo?
Escrever é, para mim, uma forma de viver não uma forma de vida. Quero com isto dizer que não escrevo como profissão, para ganhar a vida, mas sim para me relacionar com os outros da maneira mais admirável que se possibilitar.
Aprecia ser lido? Como vê a crítica, a opinião do leitor sobre os seus textos?
A maior satisfação de quem escreve é saber que merece a atenção dos outros. Por isso, tudo faço, pela positiva, para merecer tal atenção. Esta também é a razão pela qual eu próprio procuro e provoco a crítica aos meus textos.
Enquanto escritor, tem preferência por algum género literário?
Não sou um académico! Sou um “outsider”, não preocupado com escolas ou correntes literárias. Tento ser original, genuíno, quer na forma quer no conteúdo. A poesia é, naturalmente, o meu alimento quotidiano e o romance o trabalho de fundo. Ainda não me senti motivado, até hoje, para experimentar outros géneros literários.
Onde vai buscar as ideias para as suas histórias, onde se inspira?
Tudo acontece com naturalidade, fruto daquilo que sou, do que vivi e do que vivo, dos meus anseios, das minhas angústias e insondáveis desígnios. Mas sempre me empenho num trabalho reflexivo cuidado antes de dar os textos como acabados.
Como se define um escritor, o que o distingue nos dias de hoje, em que tantas pessoas se permitem publicar livros?
Escritor é quem publica regularmente, e de forma coerente, obras literárias, encadernadas ou não. O poeta que dispersa a sua poesia por diferentes suportes, mesmo que não editando livros formais, é, para mim, um escritor.
Que mensagem gostaria de transmitir aos jovens de Vouzela, aos nossos alunos, em particular?
Senti especial satisfação interior no encontro com os jovens do 11.º e 12.º ano, nos Auditório 25 de Abril, aquando da Feira do Livro. Tanto que gostaria de ter podido prolongar a conversa. O futuro dos nossos jovens deverá ser a nossa principal motivação nas actuais circunstâncias de crise. Gostaria de mais uma vez os exortar a que se empenhem denodadamente na prossecução das suas vocações, mantendo viva a esperança, sendo que o futuro se realizará por si. Mas que não deixem nunca de reivindicar com toda a determinação, ainda que pacificamente, mais verdade, transparência e justiça social, por parte de que nos governa.
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