quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Juízos organizados sobre "O Cônsul de Bordéus"


 







Aristides de Sousa Mendes

Onde começa a humanidade de cada um? O que faz com que uns a tenham em maior quantidade do que outros? Será fruto da educação? Da religião? Parece pouco viável. A educação e a religião ensinam-se em conjunto com os valores e preconceitos de quem ensina. Mas, a questão que aqui se levanta é mais específica: de onde vem a humanidade de um homem que se sacrificou para que milhares não fossem sacrificados?  


Surge-me, como se fosse simples, a ideia de que O Cônsul de Bordéus gira, principalmente, em torno deste conceito: a humanidade. Tudo parece girar ao redor disso, à volta desta concepção meramente mental que acabou por se materializar através das acções de um homem. 

Assim, o filme de Francisco Manso e João Correa está bastante bem concebido neste ângulo. Tudo aquilo que é louvável na personagem de Aristides de Sousa Mendes foi bem conseguido, e quer a determinação quer a luta interior, que se salientaram, foram muito bem exteriorizadas pelo actor Vítor Norte. Há que, igualmente, aplaudir a caracterização dos figurinos e dos cenários. Criados de uma forma muitíssimo realista, agarram o auditório e prendem-no a uma viagem ao passado em que não foi descurado um único detalhe. 

Porém, como "aplaudidora", permito-me também apontar como único ponto desfavorecedor o facto de a história ser narrada como um flashback. Parece-me pouco valorizador trazer Aristides de Sousa Mendes de volta à memória recente apenas devido a outro acontecimento – que quando comparado à narrativa sobre o Cônsul se torna de menor importância.


Contudo, excluindo o resto e juízos de valor, o que eu quero é que vejam o filme. Pode ser melhor ou pior, isso depende apenas da opinião de cada um, todavia, há algo que é indiscutível e que ninguém poderá discordar: o cinema português está cada vez melhor. 


Inês Silva

Sem comentários: