quarta-feira, 13 de março de 2013

Reflexões livres sobre a condição humana (1)

       Vou falar um pouco da busca da imortalidade, algo que todos nós procuramos incessantemente no quotidiano. 
       São inúmeras as maneiras de procurar o eterno, o infinito, o imortal e, dependendo das crenças e dos valores de cada um, cada ser humano realiza essa procura de diversas formas. Por exemplo, podemos questionarmo-nos sobre várias coisas: o que representa uma sepultura? Talvez represente o carácter paradoxal da condição humana: por um lado poderá evidenciar a morte (é uma forma de lembrar alguém que já não existe). Por outro, poderá ser uma recusa da mesma, uma forma de não lhe dar a última palavra... 
De que modo? Mantendo ali presente as memórias, "imortalizando" a pessoa...  

Sequoia sempervirens
 Mas abordemos outros exemplos mais próximos de nós, do nosso dia a dia, como o ato de plantar árvores,construir uma casa, escrever um livro ou doar uma fortuna. Por exemplo: Richard Zimler e Alexandre Quintanilha, após terem ido viver juntos, plantaram de imediato duas sequóias nos seus terrenos. E porquê? Porque elas continuarão a crescer, enormes e inacessíveis, após a morte de quem as plantou.
Outro exemplo: O Taj Mahal, o monumento mais conhecido na Índia, foi mandado construir pelo imperador Sha Joan , em memória da sua esposa favorita. Assim, este palácio imortaliza o amor deste imperador pela sua esposa, superando o "cronos". Analisemos outras situações, como escrever um livro, doar uma fortuna ou criar uma fundação (Gulbenkian, Bill & Melinda Gates). Estes atos imortalizarão os seus protagonistas, que serão relembrados durante várias gerações.
    Vou agora associar esta procura à religião e aos filhos. Independentemente da religião que professamos, parece-me que, acima de tudo, procuramos uma forma de  superar a morte. Seguimos uma conduta moral, defendemos vivamente um dogma, fazendo inúmeros sacrifícios, tudo em nome de uma condição eterna ulterior à nossa frágil condição humana.
Situação semelhante acontece com a decisão de ser pai / mãe. Ter um filho é ter mais uma preocupação e abrir mais uma fragilidade em nós, mas mesmo sabendo isso, não abdicamos de os ter. Por que motivo?!...
 Porque pretendemos ser mais um; ser outro e nós mesmos em simultâneo; é querer existir sem existir, na medida em que os nossos filhos, regra geral, nos sobrevivem. Em última análise, ter um filho talvez seja querer ser um pouco Deus.
      Concluindo, ainda que muitos de nós não nos interessemos por questões de natureza metafísica ou pela filosofia e que procuremos evitar falar da morte, lidamos com ela todos os dias.

      A única maneira de viver a vida é não temer a morte, aceitando a fugacidade da vida, irradiando felicidade e fazendo bem aos nossos semelhantes. 

                   
                                                                                                     Tiago Pereira 

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