Numa tarde fria e
chuvosa de inverno, o Paulo e a Maria estavam ao pé da lareira com o seu avô.
Paulo viu pela janela que o céu estava escuro e que poderia correr e brincar
coma sua irmã naquele dia. O avô reparou na tristeza nas caras dos netos e
decidiu contar-lhes uma lenda:
- Meninos, vocês
gostam de cães?- perguntou.
-Sim, gostamos
muito!- responderam vivamente as crianças.
-Então vou-vos
contar uma lenda antiga de um país distante que tem um cão como herói.
E começou a contar.
-Há muito, muito
tempo, numa terra longínqua chamada Gardânia, viveu um homem muito mau,
carrancudo, com a sua mulher e o seu cão. A mulher sofria de uma doença rara
que ninguém sabia curar. Ela adorava o cão e dava-lhe muitos mimos e presentes,
já o homem, de seu nome Toldo, não ligava nada ao cão e não gostava de animais.
Se o cão lhe lambia a mão, ficava irritadíssimo e enxotava-o como se fosse um
mosquito.
Certo dia, a mulher
de Toldo morreu. Toldo chorou dias a fio, porque a amava muito, apesar do seu
mau feitio. Quando se deparou com o cão, pensou em abandoná-lo ou dá-lo a
alguém, mas lembrou-se que a mulher o tinha feito prometer que nunca deixaria
de tomar conta do cão, com ela ao lado dela ou a observá-lo lá de cima.
Toldo deu comida ao
cão e deu-lhe banho, pois o cão tinha andado a rebolar na lama, imunda. Depois
deitou-se e dormiu.
No dia seguinte,
Toldo decidiu ir pescar. Os rios gelados daquela terra eram muito conhecidos
por terem afogado pescadores. Muitos acreditavam que os rios tinham um monstro
que mordia os iscos dos pescadores e os puxava para a água e os afogava. Mas
Toldo nunca foi nessas histórias.
Pegou na sua cana e
no isco e estava a sair de casa quando ouviu um latido angustiado atrás de si.
Virou-se e viu o cão, sentado, com um ar triste, pois também tinha sofrido com
a perda da dona. Toldo decidiu levá-lo também, embora um pouco contrariado.
Chegados ao rio,
Toldo pousou as coisas e começou a olhar em volta; não se via ninguém, nada e o
silêncio era arrepiante, mas Toldo gostava. Montou a cana de pesca e pôs-se à
espera. Depois de ter apanhado uns quantos peixes, embora pequenos, Toldo
esperou, esperou, até que algo mordeu o isco. Toldo começou a puxar, a puxar,
mas não conseguia tirar o peixe da água. “Este deve ser dos grandes!”-pensou.
Mas em vez de um peixe, um tubarão apareceu á superfície e puxou Toldo para a
água tentando mordê-lo. O cão estava a brincar com umas ervas, mas quando ouviu
os gritos do dono atirou-se à água e afastou o tubarão. O dono já inconsciente
foi trazido para terra com um grande esforço do cão.
Quando acordou,
abraçou o cão com toda a sua força e a partir desse dia começou a tratar o cão
como ele merecia. Porque mesmo depois de Toldo não ligar ao cão, não gostar
dele e ter chegado a bater-lhe, o cão salvou-o.
O cão que até agora
não tivera nome, passou a chamar-se Fidel (fiel).
As crianças adoraram
a lenda e também passaram a tratar os seus animais com ainda mais amor.
Helena Beatriz de
Andrade Marques
7ºC Nº13
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